Ouvindo uma musica hoje me lembrei de dias em que não se tem nada a fazer alem de
beber, trepar e fazer bagunça, a musica alta, o som do gelo do wisque batendo nas laterais
dos copos alheios, alguns gritinhos de mulher, alguem estava fazendo uma suruba. Nós
cinco bebiamos cachaça pura enquanto davamos uns "tiros" e falavamos sobre Kant,
Kierkegaard, Focoau, Socrates, Russeau, Nietszche. A vida parecia menos rapida e
tensa... ou não. Não espero que esses dias voltem, mas por que somos obrigados a seguir
os passos de nossos pais? Por que viver como os velhos loucos?
Cara como alguem pode
acreditar em Sartre? Um puta maluco sem senso de verdade. Derrepente
alguem se exalta, uma voz alta é ouvida no corredor, alguem fumou
uma "criptonita" e resolveu descontar nos vidros da porta,
a policia é chamada. pena que os policiais são nossos conhecidos,
seria divertido discutir Sartre com eles tambem... acho que minha
mente não esta funcionando mais, de ve ser o alcool, ou seria o
disturbio, não sei mais. Enquanto isso eu tomava meu café quente e
pensava no porque disso tudo, como a vida é estranha aos olhos
daqueles que viram o que eu vi. Como um peixe de aguas profundas, que
resolve nadar na agua rasa, pode voltar as aguas profundas, tão
quietas e sinistras?
A festa continuou até
de manhã, com suas devidas pausas é óbvio, as quatro já não
sabíamos se éramos capitalistas de direita, duros, ou se éramos
anarquistas altruístas, se o existencialismo de Nietszche, ou o
niilismo de Schopenhauer, ou o negativismo de Sartre, levou ou não a
terceira guerra mundial, ou seja lá que guerra for. No fim somente o
álcool, o pó, o ácido, e outros permeavam as discussões, e todas
se abraçavam como velhas amigas, interagindo maravilhosamente dentro
de nós mesmos. Foi ai que tudo ocorreu. Havia uma garota mais
saidinha tirando a roupa em cima da mesa, eu estava sentado tomando
meu whisque barato com algumas pedras de gelo, Bukowski estava a
minha frente filosofando sobre a fumaça de seu cigarro e Burroughs
acabara de chegar com sua barbichinha característica me chamando de
patrão. “E ae patrão e o esquema ainda ta de pé?”. Dou uma
longa tragada e penso por alguns minutos antes de responder: “Vamu
nessa!”. Era o que todos três estavam esperando. Terminei meu
whisque, apaguei meu tabaco e saímos os três chapados noite adentro
em busca de confusão, era certo : a noite apenas havia começado...
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