2 Ato: Passchendaele
A lama pesava sob meus pés, o frio fuzil tilintava em minhas mãos, a minha frente os cadáveres jaziam sobre o lago de sangue. O medo consumia a todos nós, mas os mas jovens se apavoravam.
Só o cheiro da morte reinava, alem, a algumas milhas, os sons dos canhões, metralhadoras e da anacrónica tempestade. A gélida chuva molhava o uniforme, e lavava nossos espíritos.
O que havia sobrado de nossas almas cai ao primeiro morteiro, então desperto pra batalha. A minha frente uma trincheira coberta por mortos, vários rostos conhecidos, vários rostos jovens, inchados pela morte precoce, pútridos. Mas não há tempo para chorar os mortos. As balas correm feito o sangue em minhas veias, minha respiração é densa, pesada, mas meus passos largos, firmes, decididos, se irei morrer hoje, morrerei com honra!
Avanço pesadamente por sobre as trincheiras e mortos, a guerra é dura eu sei, não há o que fazer por eles mais, sem lamentações. Os primeiros tiros do fuzil o aquecem, cuspindo projéteis destinados. O primeiro cai, não pretendo contar quantos se vão depois, uma torrente de sangue por todo o campo entorpece a crua chuva que bate violentamente.
Suado, cansado, encharcado, chorando por debaixo do capacete, cheio de lama. Esse foi o meu fim, assim eu recebi a morte, com minhas botas e de fuzil em riste, sem deixar de lutar. Conte aos meus filhos, e aos filhos de seus filhos, que o pai deles morreu com a mais alta honra merecida: lutando!
Este é o meu legado e minha sina...
Nossa, eu achei muito profundo esse conto, como se eu mesma estivesse lá, algo em que nunca pensamos mas apenas quem passa por isso sabe o que é e você fez com que me colocasse naquele lugar, algo difícil de se sentir, mas essa dor, esse sofrimento, angustia e medo foram algo presentes e realistas nesse conto.
ResponderExcluirAnanda